sábado, 2 de outubro de 2010

I am Elizabeth Bennet... with Zombies!

PrideandPrejudiceandZombiesCover.jpg

Comprei um livro fantástico na livraria do aeroporto semana passada. Uma criativa adaptação do clássico romance de Jane Austen.

O título já é ótimo - Orgulho e Preconceito e Zumbis (Pride and Prejudice and Zombies).

Eu li o original de Austen aos 20 e poucos anos e adorei. Foi o primeiro de uma série de encontros com Austen, em via escrita e também no cinema. Claro que me apaixonei pelo Sr Darcy já naquela ocasião.


O 1o parágrafo da nova versão começa com a seguinte afirmação: 

"É uma verdade universalmente aceita que um zumbi, uma vez de posse de um cérebro, necessita de mais cérebros."  Dá pra perceber que o autor, Seth Grahame-Smith, é um cara, no mínimo, perspicaz.


O autor diz que usou 85% do original para compor o romance, mas me parece que foi um pouco menos, pois não só os zumbis entraram de forma muito natural e pertinente na história, mas também alguns diálogos foram totalmente reescritos, de forma a reforçar uma determinada percepção sobre os personagens, que no original é bem mais sutil.

Enfim, devorei as mais de 300 páginas em 3 sessões de leitura muito agradável.

Outra coisa legal é ter a internet pra prolongar o gostinho final, com mais informações interessantes pra quem é fã de Austen (e do co-autor Seth) como eu.

Jogando o nome do livro no Google, descobri que já tem até um filme sendo feito, com a Natalie Portman sendo a provável escolhida para o papel da heroína Elizabeth Bennet, na versão treinada nas artes orientais e decapitando todo e qualquer zumbi à vista.

Num link de um site sobre a obra de Jane, descobri um testezinho do tipo Capricho, pra descobrir qual heroína de Austen você seria. Bom, eu confesso que não precisava nem fazer o teste, claro que sou Elizabeth (embora já tenha tido umas fases mais Elinor Dashwood no passado). E confesso que me identifiquei ainda mais com a versão revisada e ampliada com zumbis de Lizzy.

Segue o link pra quem quiser tentar: http://www.strangegirl.com/emma/quiz.php

domingo, 1 de agosto de 2010

Doce Terapia

Quando a gente passa a semana num ritmo agitado, quer mais é ficar em casa no final de semana.

E o tempo em Curitiba tem ajudado. Preguiça total de sair no frio, ir em restaurantes lotados e shoppings idem. Aproveito pra curtir um pouco a casa e o carinho dos meus meninos (pai e filho).

E nestes momentos caseiros, tenho me proposto exercitar um lado que andava meio abafado. Estou curtindo ler revistas sobre casa, decoração. Tudo no espírito da mudança para a nova casa, que se aproxima nos próximos meses.

Uma revista que estou gostando muito é a bimestral Casa e Comida, da editora Globo. Infelizmente não é vendida fora de SP, então tive de fazer a assinatura, para não arriscar um desencontro nas bancas.

A revista tem fotos maravilhosas e reportagens muito bem escritas sobre estilo de viver e receber. E idéias inspiradoras para quiser se aventurar (esporadicamente ou não) na cozinha. Idéias que vem ao encontro de quem quer ficar em casa num domingo à tarde.

Numa destas leituras topei com uma foto maravilhosa, que ilustra este post. Era um editorial sobre a confeitaria, não tinha a receita. Deu um desejo de comer a tal Lemon Bar...  Achei o preço um disparate até pra realidade de SP, mas fiquei com a tentação na cabeça. No site não constava a receita, mas tinha um comentário de uma leitora para um link de um blog português. Lá estava! Dei uma olhada nos ingredientes, tudo em casa, beleza!!!

Só um detalhe - cozinha nunca foi o meu forte. Acho o máximo quem faz bem (como o meu marido) e tenho tentado diminuir minha incapacidade ultimamente.

Pra encurtar a história: foram 2 receitas feitas.

A primeira, um desastre. Coloquei numa forma grande demais a massa. O recheio, batido em tempo insuficiente, não se acomodou como o previsto e escorreu para a parte da forma sem massa. Tive de retirar tudo e socar numa forma menor, rezando para que o resultado final desse alguma coisa comestível (deu, mas nada perto do que está na foto... parecia uma farofa de bolacha mole, misturada com suco de limão). Me achei a pessoa mais incapaz do mundo, uma receita tão simples! Pensei comigo mesma: gente como eu merece mesmo pagar 60 pilas por um pedacinho de bolo....

Lembrei do Jamie Oliver. Ele diz que todo mundo pode cozinhar muito bem. A diferença é o quanto a pessoa se sente derrotada pelos primeiros erros e não segue adiante (totalmente o meu caso).

A segunda receita, já considerando uma reflexão sobre os problemas da primeira, foi executada quase perfeitamente. Só faltou a forma certa. Não tinha o tamanho certo retangular, então resolvi usar uma daquelas onduladas (claro que grudou todo o creme do recheio). Mas tudo bem, quando esfriou foi só cortar os cantinhos, colocar açúcar e lá estava! Igualzinha a da revista, com um custo 20 vezes menor.

Valeu por umas 3 sessões de terapia. Pela auto estima reforçada, por enxergar e valorizar outras dimensões da vida, por relativizar coisas chatas. No final a gente se cobra muito, quer que tudo saia perfeito na primeira vez, mas é a capacidade de refazer a receita que faz a gente chegar algum dia a um resultado que valha a pena saborear.

Pra quem ficou curioso, seguem: o link da receita e o da loja que vende o doce em SP.

Receita: http://amoresabores.blogs.sapo.pt/43991.html

Loja: Dondoca doces especiais

Tel. (11) 8108-6326
http://www.dondocadoces.blogspot.com/
A Lemon bar custa R$ 60 (25 x 25 cm)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O Amor é Azul

Aconteceu há umas duas semanas atrás, mas não posso deixar de registrar.

Meu filho descobriu o amor. Fez sua primeira declaração espontânea, disse "eu te amo" com todas as letras.

Não foi para a mãe dele, ou para nenhuma das corujíssimas avós. Para as três ele viria a dizer estas palavras em outros momentos seguintes, mas não foi nesta primeira vez.

O testemunho foi da babá. O pequeno toquinho de gente com ar solene, abraçou o velho fusca azul, na garagem do prédio da avó e disse:

"Fusca Azul, eu te amo".

Como existem outros dois fuscas na mesma garagem, a babá indagou:

"E o vermelho?"

Negativa forte com a cabeça.

"O bege?". Outra negativa.

Fico imaginando os motivos deste amor. Seria empatia com o mais velho e acabado dos 3 fuscas? Por ele morar sozinho no cantinho da garagem? Por ele fazer tanto barulho (que ele imita sempre, com a maior bagunça)? Por ele sair tão pouco pra passear?

Achei engraçadinho, sim. Mas também me comovi com o coraçãozinho de ouro do meu bebê...

terça-feira, 18 de maio de 2010

Antes do Amanhecer


Um dos meus filmes prediletos de toda a vida - Before Sunrise (Antes do Amanhecer), de 1995.

Com o Ethan Hawke (bem novinho) e a francesa Julie Delpy. O mais próximo de um filme francês que Hollywood já conseguiu chegar (filme com muitos diálogos interessantes e situações nem sempre explícitas entre os dois protagonistas). Dois jovens se conhecem em um trem e fazem um passeio juntos em Viena, uma única noite juntos. Ele tem que pegar o vôo para os EUA no dia seguinte e não tem grana para o hotel, então eles passam a noite toda conversando e passeando pela cidade. Noite que provavelmente seria a única se não tivessem resolvido fazer uma continuação em 2004, onde os dois se encontram em Paris, etc etc... A continuação não é tão legal quanto o primeiro filme.

Eu tinha feito uma viagem para a Europa 3 anos antes deste filme existir, achei o máximo e me identifiquei um monte. Como é bom poder ter este tipo de olhar sobre o mundo... a novidade, poder falar sobre as impressões diferentes que se têm sobre as coisas. Eu olho a Céline (personagem da Delpy) e me acho a cara dela (até fisicamente, principalmente naquela época). O vestidinho meio largo, quase de grávida, eu tinha um destes (acho que comprei em Milão), que usei também em Vienna!. O cabelão, meio armado, numa época que ninguém falava em antifrizz e escova, também estava lá em 1992. 

Eles dão o primeiro beijo na enorme roda gigante do Prater, muito anterior ao modernoso London Eye - eu estive lá (e também naquele parquinho kitsch que aparece no filme). E as conversas continuam, em lugares históricos, turísticos, bares, máquinas de fliperama. A atração entre os personagens cresce quanto mais um conhece sobre o outro.

Essa coisa de saltar de um trem só pra conhecer uma parada nova no caminho... Com a companhia certa pode valer a pena o desvio. Naqueles dias, não haviam reservas em hotéis, a surpresa era sempre garantida em cada estação.

Talvez por estar vivendo um momento em que tomo algumas decisões importantes, onde as raízes vão se fixar ainda mais em torno de um ideal familiar, não posso evitar a nostalgia daqueles tempos tão cheios de leveza e descompromisso. Sim, é bom conquistar coisas e não ser mais tão ansiosa sobre o futuro, mas também é tão bom ver o mundo enorme e as pessoas tão diferentes, seja na pastelaria do mercado municipal ou num café em Florença (outra cidade maravilhosa) sem levar tudo tão a sério...

Um pedacinho da conversa à beira do Danúbio...

Jesse: Would you be in Paris by now, if you hadn't gotten off the train with me?
Celine: No not yet. What would you be doing?
Jesse: I'd probably be hanging around the airport, reading old magazines, crying in my coffee cause you didn't come with me.
Celine: Aww... Actually, I think I'd probably have gotten off the train in Salzburg with someone else.
Jesse: Oh, yeah? Oh, I see. So, I'm just that dumb American momentarily decorating your blank canvas.
Celine: I'm having a great time.
Jesse: Really?
Celine: Yeah.
Jesse: Me too

Daqui a alguns meses, vamos mudar para uma nova casa, que recebemos as chaves hoje do antigo proprietário. Espero que Céline se mude conosco para lá e que ela possa manter sua essência nesta nova fase.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ivete | Vídeo de boas-vindas a bordo TAM - MAI 2010

Lindo, emocionante, tudo de bom o vídeo que a TAM fez com a Ivete pra homenagear o dia das mães.

Aliás, são maravilhosas as últimas campanhas publicitárias que esta empresa tem exibido logo antes da decolagem. A maioria com estrangeiros, falando em línguas diversas sobre sentimentos que são universais.

Este último está muito especial, não consegui evitar a emoção e a identificação total.

"(Filho), não precisa nada em troca (...) só aceite o meu amor, só deixe eu lhe amar dessa forma intensa que eu lhe amo"

Disse tudo, dona Ivete.

http://www.youtube.com/watch?v=fMsEHsK6TY8

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Sobre Montanhas e Mães

Li num livro um comentário sobre montanhas que me trouxe algumas reflexões...


Para os chineses, a montanha é a representação do feminino, da maternidade. Segundo esta crença, cidades ou construções ao pé de uma montanha tendem a passar uma sensação de acolhimento.

Eu já senti isto, ao acampar ao pé de uma linda montanha no Peru, o Taulliraju (5830 m). Além de ser visualmente linda, foi puro aconchego a sensação de sentar em uma pedra e ficar contemplando este monumento da natureza, até que algumas nuvens cobrissem o seu pico nevado. Senti-me pequenina, mas também abraçada pela grandeza da montanha. E aquela noite foi um soninho gostoso, profundo e sereno.

Ainda sobre montanhas, foi neste mesmo trekking que ouvi do guia uma pérola de sabedoria que por vezes me recordo em momentos mais emocionais da vida. Disse ele "a montanha apenas potencializa o que você já traz consigo", pois ao caminhar 2, 3 ou até 5 dias em atmosfera rarefeita, nos encontramos muitas vezes com emoções fortes que não conseguimos dominar, até que possamos olhar muito profundamente para dentro da gente e entender de onde vem isto. As vezes, vivemos coisas que trazem este mesmo sentimento. Tudo está lá, dentro de cada um e a "montanha" pode ser um desafio, uma mudança, uma novidade que vai gerar um desconforto e o despertar de uma essência que pode estar apenas adormecida.

E que o feminino ou maternal seja identificado com a montanha pode fazer realmente sentido, até numa ótica mais ocidental. Pois acho que era Jung quem atribuía ao arquétipo materno, sabedoria e elevação espiritual além da razão, o cuidado, a transformação mágica, o renascimento... e também o lado obscuro, apavorante e fatal que convive na Grande Mãe como é chamada em tantas culturas.

Resolvi escrever este post só pra lembrar de algumas montanhas que já me marcaram. Algumas conheci pessoalmente (como o Taulliraju e Huayna Picchu), outras estão na lista de um passeio futuro.

Taulliraju (Cordilheira Branca, Peru)


Huayna Picchu (a montanha que fica atrás de Macchu Picchu, Peru)


Mont Sainte Victoire, na Provence Francesa, que Cezanne pintou quase uma centena de vezes, em várias horas diferentes do dia.



Annapurna (Tibete), eu já pintei um quadrinho com esta montanha, deve ser um dos trekkings mais fascinantes do mundo!



quinta-feira, 8 de abril de 2010

Projeto Felicidade Possível

Meu interesse começou quando ainda adolescente. Acho que era minha mãe quem usava cartões de presente com reproduções de pintores impressionistas. Sempre "roubava" um ou outro que atraía mais o olhar (e a imaginação).



Um destes cartões era a reprodução de um Monet, no Jardim de Giverny. Quantas vezes me imaginei como a garotinha da pintura, no meio daquelas flores maravilhosas. Até pensei em dar uma passada no local, que está preservado até hoje, quando estivemos em Paris. Mas o objetivo daquela viagem era outro. Porém ainda vou matar a vontade de conhecer de perto o jardim de Monet.

Depois fui gostando cada vez mais de outros impressionistas. Van Gogh, o meu preferido, com suas cores arrebatadoras. Quase caí de joelhos no Metropolitan diante do Starry Night e, no museu d´Orsay, entrei em verdadeiro êxtase.

Ultimamente, são os catálogos da L´Occitane, com imagens maravilhosas da Provence, que coleciono e guardo, na intenção de fazer pequenos quadros no futuro. Em visita recente à região da Toscana, na Itália, também comprei um calendário com lindas fotos. Tudo em busca do colorido, da nostalgia e da poesia de cenários de sonho.



Ando lendo muita coisa com este espírito. Além da autobiografia da Julia Child que já comentei por aqui (ela também passou pela Provence), já baixei no Kindle as amostras de "Sob o Sol da Toscana" (o livro que deu origem a um dos meus filmes prediletos) e "Um ano na Provence" (o pioneiro dos best sellers em lugares idílicos, de Peter Mayle).

Mas já comecei a leitura de um outro livro, que tinha baixado junto com o "My Life in France". Chama-se "The Happiness Project", a autora é Gretchen Rubin, advogada e escritora em Nova York. É auto ajuda, mas das boas. Confesso que tenho um pé meio atrás com este gênero, receita pronta para a vida não parece ser a melhor solução, cada um sabe onde aperta o seu calo. Mas já na leitura da amostra, me identifiquei muito com a autora, que tem uma personalidade inquieta, perfeccionista e ansiosa. Uma pessoa que se reconhece feliz e que sente que deveria se sentir mais grata e plena com a sua própria vida, porém incapaz de fazer esta transição apenas racionalizando os motivos.

Ela foi buscar em diversas fontes, dos gregos clássicos ao Dalai Lama, passando por romances e filósofos mais modernos, a fonte da felicidade. De uma forma pé no chão e usando ferramentas de negócios, como um cronograma anual, com listas mensais de objetivos, ela identificou os fatores que impactariam a sua percepção individual de felicidade.


Sobre os motivos desta busca, ela escreveu "Queria mudar minha vida, mas sem fazer mudança alguma em minha vida, encontrar mais felicidade no meu próprio quintal. Eu sabia que não descobriria a felicidade num lugar remoto ou em circunstâncias incomuns. Sabia que estava logo ali, agora - como naquela história de duas crianças que passam um ano percorrendo o mundo atrás do pássaro azul da felicidade, até encontrá-lo esperando-os quando finalmente retornam para casa".

Ela diz tudo, a felicidade é algo interno, a tão sonhada paz interior. O legal de envelhecer é cada vez mais perceber e valorizar isto, dentro da vida normal da gente. Não precisa ir muito longe.

(Por mais que às vezes me pegue sonhando acordada em largar tudo e ir morar numa pequena villa na Toscana, passando o dia a passear no meio dos campos floridos e ler bons livros, voltar a pintar, comer naqueles pequenos restaurantes maravilhosos... Bom, além das dicas da Gretchen, alugar uma villa lá pra passar um mês de férias também não deve ser nada mall!)

A lista da Gretchen Rubin para seu projeto de um ano em busca da felicidade...

Janeiro - aumentar a energia (vitalidade)
Fevereiro - lembrar-se do amor (casamento)
Março - superar-se (trabalho)
Abril - buscar leveza (maternidade)
Maio - brincar a sério (lazer)
Junho - tempo para amigos (amizade)
Julho - comprar alguma felicidade (dinheiro)
Agosto - contemplar o céu (eternidade)
Setembro - dedicar-se a uma paixão (livros)
Outubro - prestar atenção (auto consciência)
Novembro - manter o coração satisfeito (atitude)
Dezembro - objetivo atingido (felicidade)

quinta-feira, 25 de março de 2010

Julia & Me


Perdi o vôo. Foi o custo de 15 minutos a mais de abraços e beijos com o meu filhote. Duas horas e meia de espera no aeroporto, alguns emails para botar em dia... Me parece um preço justo, pago com prazer.

Aproveito parte do tempo para continuar a leitura de um livro delicioso que baixei no Kindle.

My Life in France conta a vida da culinarista Julia Child e os eventos que a levaram a tornar-se uma das maiores apresentadoras de TV nos EUA deste tipo de programa. Parece bobinho, mas estou adorando e, curiosamente, me identificando muito com a Julia.

Sempre tive uma atração enorme pela França e sua cultura, a forma como se preservam e defendem algumas instituições como os queijos, a arquitetura, os pequenos comércios, as artes, os pães e a culinária em geral. E confesso que é difícil imaginar que uma americana como Julia seria capaz de mergulhar tão profundamente na cultura de outro país e influenciar toda uma geração de donas de casa para buscar sabores mais naturais e autênticos, dando-se a oportunidade de ter prazer ao preparar e degustar comida de verdade em sua própria casa.

O livro conta como ela despertou uma vocação adormecida. Julia não cozinhava nada até os 37 anos. Como um estudante de artes ou um aspirante a escritor, que ao tomar contato com obras primas começa a despertar sua vontade de expressar sua própria arte, ela começou a frequentar com o marido (ele próprio um gourmet), transferido por motivo de trabalho para Paris, diversos restaurantes e aprender a apreciar cada vez mais esta culinária tão encantadora. Sozinha e sem ocupação em seus primeiros meses em Paris, ela começou a experimentar por conta própria, lendo diversos livros. Porém, logo sentiu vontade de uma orientação mais profissional - e tornou-se aluna da célebre escola Cordon Bleu. Percebeu a oportunidade de passar adiante estes conhecimentos e dar a chance de outros poderem trazer mais encantamento, mais alma e mais sabor para a vida de outras famílias.

Mesmo imersa totalmente na cultura francesa, ela manteve a essência yankee, claro. Trouxe uma abordagem mais pragmática para a forma de ensinar as receitas, fazendo diversas experiências e buscando o passo a passo compreensível para cada receita, desde a mais simples até a mais complicada.

A busca da nossa própria voz é uma das mais válidas da vida, além de toda a questão de se trazer mais alma para dentro de um lar. Trata-se de uma tendência importante, que já vem sendo mapeada por diversos institutos de pesquisa, as pessoas estão se voltando para alguns valores mais tradicionais em busca de suas raízes culturais e um senso mais forte de identificação pessoal.

Voltando a Julia Child. Recentemente, esteve em cartaz o filme "Julie e Julia", que conta a história de uma blogueira que testou durante um ano todas as receitas do livro escrito por Julia (Mastering the Art of French Food, resultado de quase 4 anos de trabalho).Estou louca pra ver este filme, ainda não deu tempo, dizem que a atuação da Meryl Streep como Julia Child está fantástica. Ela não chegou a ver o filme, pois morreu um ano antes, mas ouvi dizer que não gostava do blog, provavelmente porque a autora muitas vezes ironiza ou deprecia alguns detalhamentos das receitas (coisa que Julia levava muito a sério). O livro Julie e Julia também não parece ser grande coisa, como a maioria dos blogs que viram livros perde um pouco o "frescor" da linguagem mais rápida da internet em uma versão condensada. Mas como roteiro para o cinema parece ser interessante, ainda vou dar um jeito de conferir e comentar por aqui.

Bom, o livro My Life in France é maravilhoso, recomendo. Foi escrito pelo sobrinho de Julia com base nas conversas que tiveram um ano antes da morte dela. Provavelmente, ela tenha sentido vontade de deixar sua própria versão dos fatos ao ler o blog. A cada capítulo, sinto uma invejinha desta mulher que viveu na França do pós guerra, em meio ao romantismo de pequenos cafés e restaurantes, passeios no mercado de Les Halles, caminhadas ao anoitecer pela colina de Montmartre ou no cais em Marseille. O livro é para ser saboreado, pois há descrições detalhadas dos pratos e pesquisas feitos pela culinarista. Lembra um pouco aquele maravilhoso filme Festa de Babette, onde também há a exaltação da culinária francesa.

Não sei se algum dia aprenderei a cozinhar, tenho dificuldade até com as coisas mais básicas! Acho maravilhoso quem sabe, considero a culinária como uma arte.  Mas a primeira influência de Julia em minha vida foi voltar a consumir manteiga, saboreando cada fatia com gosto!

"Temos que buscar o melhor sabor em cada experiência" e "sem exageros, tudo é possível", estes são os grande ensinamentos da culinária francesa que certamente se aplicam em uma escala mais ampla na vida.

Pra quem se interessou mais, tem uma boa reportagem sobre o filme+blog no blog  Food Renegade (um blog pra quem gosta de comida de verdade)
http://www.foodrenegade.com/julie-and-julia-a-lovable-movie/#more-1231

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Eu e meu Kindle

Adoro ler. Bom, geralmente quem gosta de escrever tem esta característica.

E tenho para mim que uma parte dos meus atrasos em atualizar o blog veio da diminuição das leituras no último ano. Mas agora acho que retomei o ritmo. Tudo por causa de um brinquedinho novo, bem divertido, que me dei de presente de aniversário - um leitor de livros eletrônico, o famoso Kindle da Amazon.com.

Namorei o bichinho por algumas semanas até decidir. Quando finalmente tomei coragem e apertei o botãozinho de compra, quase desisti ao ver o preço em dobro, calculado com os impostos de importação (pois esqueci que afinal tratava-se de um eletrônico...). Graças a Deus, uma boa alma - colega de trabalho que mora nos EUA, prontificou-se a me trazer o mimo.

Na mesma semana em que o Kindle chegou em minhas mãos, saiu uma reportagem na Veja sobre o IPad, que vai ser a promessa da Apple para brigar neste novo mercado. Sem o acervo da Amazon (ainda) e com uma tela brilhante igual ao IPhone (e por isso mesmo, bem mais cansativa para a leitura). Enfim, não duvido que os caras vão se tornar a referência rapidinho, mas confesso que sinto um certo orgulho de possuir o aparelho que fez a primeira revolução editorial em muitos e muitos anos depois de Gutemberg inventar a imprensa.

No começo é um pouco estranho. Pra quem ama livros, parece fazer falta o cheiro do papel, a textura. Mas é só começar que já vira cachaça, o aparelhinho tem vários recursos legais que facilitam a leitura. Pouca coisa em português (por enquanto só o Paulo Coelho completo e alguns autores menos conhecidos). O que não é de todo ruim, desculpa perfeita pra praticar o meu inglês, que andava meio basicão.

Os livros são baixados online na hora (o aparelho tem wireless embutido) e ainda tem um recurso bem legal de baixar amostras grátis (de um ou dois capítulos).  Delícia, poder ler na hora, na sala de casa ou onde se quiser, o pedacinho de um livro que você tinha a maior curiosidade...

Coisa de quem ama bibliotecas. Pode me chamar de nerd, sou mesmo, sempre fui. Fugia das aulas de educação física pra me refugiar numa delas, no colégio. Ficava horas, só lendo trechinhos de livros. Tenho até hoje o exemplar (que nunca devolvi) da carta de Pero Vaz de Caminha (porque o pedacinho que estava no livro de História parecia insuficiente para a minha curiosidade).

Alguns trechos inesquecíveis de filmes com bibliotecas: a primeira vez que o frade franciscano vivido por Sean Connery conhece a coleção proibida dos beneditinos, em o Nome da Rosa (o livro é ainda melhor que o filme). Outro: a noite que o detetive interpretado por Morgan Freeman passa pesquisando na biblioteca de Nova York (maravilhosa) em Seven...

(E também penso que meu filhote irá achar jurássico este aparelhinho que apareceu no mesmo ano em que nasceu!... Ele, que ama seus livrinhos coloridos, certamente irá ter um hábito de ler muito diferente do que tive até pouco tempo, mas espero que ame tanto quanto sua mamãe o prazer da leitura.)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Homenagem a uma mamãe orgulhosa

Em primeiro lugar, sorry pela demora em atualizar. Parte foi porque a conexão ficou meio esquisita, mas parte foi total preguiça de acessar internet em casa. É tanto email no trabalho, que às vezes me sinto obrigada a decretar momentos "internet-free" para voltar a conectar com o mundo "real".



Voltando ao que interessa...

Outro dia recebi um email de uma colega de trabalho, mãe de dois rapazes, comentando a notícia de que um filho havia sido selecionado como representante brasileiro no Pan Americano. Coisa pra realmente encher uma mãe de orgulho. Ainda mais num país como o Brasil, onde este tipo de conquista depende totalmente de sorte, pai-trocínio ou ambos. Nem sempre somente a competência é suficiente.

A colega em questão é nova na empresa, o que significa que nos conhecemos ainda pouco. Porém, confesso que a admirei pelo gesto de passar o dito email e fiquei com vontade de conhecê-la melhor (como pessoa-sem-crachá) após esta iniciativa. É preciso coragem, no ambiente profissional empresarial, que ainda é, de modo geral, de ética mais formal e masculina, para se mostrar já de saída tão confortável no papel pessoal de mãe (e de não se lixar com a opinião de quem acha isso piegas). Porque isso não deveria ser um fator reducionista, embora em muitas empresas e na literatura de negócios ainda se coloque o "pedágio" pago por mulheres em função da presumida maior prioridade à vida pessoal.  Traduzindo - muitas mulheres ainda ganhariam menos do que seus pares masculinos porque estes estariam mais dispostos a uma "dedicação total" pela causa da empresa do que elas. A notícia boa é ver que isto é um modelo com tendência de esgotamento pelo mundo afora. No Brasil e América Latina temos fatores culturais que devem fazer com que demore mais um pouco, entretanto.

Da minha parte, só posso dizer que sinto orgulho comparável a uma convocação olímpica ao ver meu filhote de 1,4 ano apenas com um vasto vocabulário de dezenas de palavras, contando de 1 a 16! Repertório que cresce diariamente, cada dia um novo recorde, isto é - uma nova palavrinha ou forma de se fazer entender...

"Ajuda!" disse hoje, ao não conseguir levantar um objeto sozinho.
"Caminhonete" - apontou ao passar ao lado da dita cuja na rua.
"Tadela" - pediu, apontando para as fatias vermelhas de... mortadela, claro!

E entende tudo o que se fala... Pergunte-se a ele "Quem é o sapeca?".
Irá responder silenciosamente, porém com o mais maroto dos sorrisinhos, apontando para si mesmo!