terça-feira, 18 de maio de 2010

Antes do Amanhecer


Um dos meus filmes prediletos de toda a vida - Before Sunrise (Antes do Amanhecer), de 1995.

Com o Ethan Hawke (bem novinho) e a francesa Julie Delpy. O mais próximo de um filme francês que Hollywood já conseguiu chegar (filme com muitos diálogos interessantes e situações nem sempre explícitas entre os dois protagonistas). Dois jovens se conhecem em um trem e fazem um passeio juntos em Viena, uma única noite juntos. Ele tem que pegar o vôo para os EUA no dia seguinte e não tem grana para o hotel, então eles passam a noite toda conversando e passeando pela cidade. Noite que provavelmente seria a única se não tivessem resolvido fazer uma continuação em 2004, onde os dois se encontram em Paris, etc etc... A continuação não é tão legal quanto o primeiro filme.

Eu tinha feito uma viagem para a Europa 3 anos antes deste filme existir, achei o máximo e me identifiquei um monte. Como é bom poder ter este tipo de olhar sobre o mundo... a novidade, poder falar sobre as impressões diferentes que se têm sobre as coisas. Eu olho a Céline (personagem da Delpy) e me acho a cara dela (até fisicamente, principalmente naquela época). O vestidinho meio largo, quase de grávida, eu tinha um destes (acho que comprei em Milão), que usei também em Vienna!. O cabelão, meio armado, numa época que ninguém falava em antifrizz e escova, também estava lá em 1992. 

Eles dão o primeiro beijo na enorme roda gigante do Prater, muito anterior ao modernoso London Eye - eu estive lá (e também naquele parquinho kitsch que aparece no filme). E as conversas continuam, em lugares históricos, turísticos, bares, máquinas de fliperama. A atração entre os personagens cresce quanto mais um conhece sobre o outro.

Essa coisa de saltar de um trem só pra conhecer uma parada nova no caminho... Com a companhia certa pode valer a pena o desvio. Naqueles dias, não haviam reservas em hotéis, a surpresa era sempre garantida em cada estação.

Talvez por estar vivendo um momento em que tomo algumas decisões importantes, onde as raízes vão se fixar ainda mais em torno de um ideal familiar, não posso evitar a nostalgia daqueles tempos tão cheios de leveza e descompromisso. Sim, é bom conquistar coisas e não ser mais tão ansiosa sobre o futuro, mas também é tão bom ver o mundo enorme e as pessoas tão diferentes, seja na pastelaria do mercado municipal ou num café em Florença (outra cidade maravilhosa) sem levar tudo tão a sério...

Um pedacinho da conversa à beira do Danúbio...

Jesse: Would you be in Paris by now, if you hadn't gotten off the train with me?
Celine: No not yet. What would you be doing?
Jesse: I'd probably be hanging around the airport, reading old magazines, crying in my coffee cause you didn't come with me.
Celine: Aww... Actually, I think I'd probably have gotten off the train in Salzburg with someone else.
Jesse: Oh, yeah? Oh, I see. So, I'm just that dumb American momentarily decorating your blank canvas.
Celine: I'm having a great time.
Jesse: Really?
Celine: Yeah.
Jesse: Me too

Daqui a alguns meses, vamos mudar para uma nova casa, que recebemos as chaves hoje do antigo proprietário. Espero que Céline se mude conosco para lá e que ela possa manter sua essência nesta nova fase.

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