domingo, 28 de setembro de 2008

O Roubo - reflexão sobre o Essencial


Hoje cedo tivemos um contratempo, roubaram o nosso carro, com vários pertences dentro da garagem do nosso prédio. Foi rapidíssimo, como normalmente ocorre neste tipo de situação, com uma arma apontada para o meu marido (que graças a Deus teve muita presença de espírito e manteve a calma). Obviamente me emocionei bastante, até pelo estado avançado da gravidez. 

9 horas da manhã... hora de comprar pão e sentir preguiça... quem imaginaria uma coisa dessas? Não há realmente mais momento nem lugar para se estar 100% seguro, daí o porquê da classe média brasileira estar cada vez mais ilhada dentro de condomínios e apartamentos, buscando uma segurança artificial que lhe garanta alguma paz quanto ao futuro de sua família.

Bem ... vão-se os anéis, ficam-se os dedos... Ontem mesmo estava refletindo sobre a próxima semana, sobre o nascimento do bebê. Daqui a exatamente 7 dias estarei fechando a malinha da maternidade e voltarei para este apartamento com um presente especial nos braços.  

Disse ao meu marido que estava muito feliz pois finalmente ia realizar mais uma parte do meu sonho (já escrevi um post sobre isto). Uma nova parte da minha vida vai iniciar, nada será mais como antes.

Durante os 2 minutos que fiquei parada ao lado do carro vendo o bandido com a arma apontada para o meu marido pensei que tudo é muito frágil, que o essencial são as pessoas que amamos e que cada momento nesta terra é pra ser vivido com muito amor e compreensão. Tive medo de perder tudo isso num piscar de olhos.

Por isso, agradeço mais uma vez a Deus por esta etapa da minha vida e, principalmente, pela família maravilhosa que eu tenho, meus pais, minhas irmãs, meu marido e meu filhinho que está chegando.  Tudo ainda continua por aqui e este é o essencial da vida.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Boas notícias

Oi filho.

A "sorte de ontem" na página inicial da mamãe no Orkut era "Você irá receber uma boa notícia".

E foram duas, afinal.

A primeira foi a manchete no UOL dizendo que a Bovespa disparou e fechou o dia em alta de 5,48% (o maior índice desde o grau de investimento)... este é um fator que você deve estar sentindo que deixa sua mamãe bem estressada nos últimos 2 ou 3 meses.

Mas a boa notícia de verdade foi a tia Marina, nossa médica, quem deu. A data do seu aniversário - 6 de outubro.

A emoção é muito grande, difícil de descrever pra você. Lembra um pouco a primeira vez que eu saí de casa pela primeira vez. Um pouco de incerteza, medo, mas também a alegria de marcar uma data para o nosso encontro. Estamos todos muito ansiosos para te ver de pertinho, segurar você, conhecer seu rostinho.

E talvez por isso eu ande tão chorona. Chorei hoje no consultório da tia Marina, que é uma pessoa tão legal e iluminada, dizendo que tinha muito orgulho de trazer você para este mundo. Chorei ontem, quando o papai me disse que estava esperando você com uma felicidade tão grande, igual à que ele próprio sentia quando era criança, ao saber que ganharia um presente maravilhoso de Natal, aquele presente mais desejado de todos.

Restam mais algumas semanas para você ficar aí no quentinho, enquanto o vento frio sopra em Curitiba. Enquanto isso, mamãe vai descansar bastante, aproveitando as caronas da vovó e do vovô e continuando a se preparar para este encontro tão especial, que certamente mudará toda a nossa vida, minha e do papai.

Outro dia, enquanto você se esticava dentro da barriga, pensei comigo mesma "como pode, uma pessoa totalmente estranha, ser tão aguardada por nós dois"... Mas posso te dizer que, embora não saiba nada sobre ser mãe e tenha muitas inseguranças, acredito que este é o momento perfeito para você vir morar com a gente.

E vai ter muito amor, carinho, beijinhos, risadinhas e aquela torneira que o papai vive falando que vai montar pra vocês brincarem com água na sacada.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Técnicas avançadas de educação infantil (humor)


Piadinha sobre crianças travessas... ótima!!!

Um casal tinha dois filhos que eram verdadeiros ‘capetas’.

Os pais sabiam que se houvesse alguma travessura onde moravam, eles com certeza estariam envolvidos. A mãe dos garotos ficou sabendo que o novo padre da cidade tivera bastante sucesso em disciplinar crianças, então pediu a ele que falasse com seus meninos. O padre concordou, mas pediu para vê-los separadamente.

A mãe mandou o filho mais novo. O padre, um homem alto com uma voz de trovão, sentou em frente ao garoto e perguntou-lhe austeramente:

- Onde está Deus?

O garoto abriu a boca, mas não conseguiu emitir nenhum som. Ficou sentado, com a boca aberta e os olhos arregalados. Então, o padre repetiu a pergunta, num tom ainda mais severo. O garoto não conseguia emitir qualquer resposta.

O padre levantou ainda mais a voz e com o dedo no rosto do garoto berrou:

- ONDE ESTÁ DEUS !!!??????

O garoto saiu correndo da igreja, direto pra casa e trancou-se no quarto. Quando o irmão mais velho o viu, perguntou:

- O que aconteceu?

O irmão mais novo, ainda tentando recuperar o fôlego, respondeu:

- Cara… desta vez tamo fu_di_do! DEUS sumiu e tão achando que foi a gente !!!

domingo, 14 de setembro de 2008

O Bicho Manjaléu e o Sono


Refletindo sobre grávidas e crianças pequenas que não dormem direito (cada um com seus motivos), me lembrei da história do Bicho Manjaléu.

Essa história é uma lenda amazônica espetacular, pelo menos no meu ponto de vista. Eu adoro lendas. Hoje entendo que dá para ensinar muita coisa para uma criança com este tipo de narrativa fantástica, é mais gostoso e mais fácil do que qualquer lição de moral ou comportamento. Para adultos também (eu vivo citando o livro das Mulheres que Correm com Lobos, este é apenas um dos exemplos).

Quando criança, adorava a semana do folclore, onde aprendíamos uma porção destas lendas. Esta, particularmente, eu li quando tinha uns 9 ou 10 anos, no "Histórias de Tia Nastácia", de Monteiro Lobato. Lembro que na versão antiga do Sítio, na Globo, chegaram até a filmar esta lenda (o que pessoalmente acho bem corajoso, pois não havia na época tantos efeitos especiais para realizar o que acontece nesta lenda). Penso que talvez o Guillermo del Toro (que fez o maravilhoso Labirinto do Fauno) conseguisse fazer algo a altura desta narrativa nos dias de hoje...

A dificuldade (e também a beleza) da história do Manjaléu é que ela não é nada linear. A história tem várias reviravoltas (que nem sempre fazem muito sentido), o que pode revelar que ela foi sendo modificada ou "colada" com outras histórias ao longo dos tempos. O fato é que não deixa de ser empolgante a saga do menino pobre que vira príncipe e se casa com a mais bela princesa de todo o mundo, além de conseguir descobrir o grande segredo do tal Bicho (que não vou contar, pois é uma coisa delicada e fantástica, quem quiser que leia o livro do Lobato ou o link abaixo).

Voltando ao tema do sono, lembrei da história justamente porque ela é super comprida (e porque o terrível Bicho tem também um momento de fraqueza justamente por causa de um cafuné... mas infelizmente isto não aparece em todas as versões da história!). Em várias vezes, tive a oportunidade de testar os seus poderes soporíferos e percebi uma coisa interessante. Se o ouvinte é uma pessoa com boa imaginação e interesse, mesmo com muito sono ele não dorme ouvindo a história, porque ela é realmente empolgante.

Mas só descobri isto depois de algumas experiências, como a ocasião em que tentei fazer adormecer 2 classes de crianças, para quem dei aulas de Artes há muito tempo. Normalmente elas caíam no sono com histórias muito mais simples, do tipo João e Maria. Pois não só eles não dormiram, como também faziam questão de ouvir a mesma (quilométrica) história várias outras vezes (e não podia errar nem omitir nenhum detalhe).... Por isso concluo que realmente o DVD foi a melhor invenção do século passado! Também tive a chance de contar a história em inglês e perceber que a língua não é barreira quando a mensagem é universal (o mais difícil foi traduzir o Bicho Manjaléu... resolvi simplificar e chamar o dito cujo de "Bitchu", apenas!).

Agora chegou a hora de usar estes poderes em proveito próprio... Logo vou contar estas historinhas para a sobrinha, que já começa a entender muita coisa e, daqui a pouco, para o meu garotão!

Segue um link para quem quiser ler a história ... não é a original, mas serve!

www.educacional.com.br/upload/blogSite/4282/4282051/8230/fabula-narracao.doc -

domingo, 7 de setembro de 2008

Comentário de Clarice, sobre o post abaixo...

Não use roupas que a incomodam. Por mais belas que sejam, ao fim de algum tempo, prejudicarão a graça dos gestos, a naturalidade, dando um ar "endomingado" a quem as use.
Quem pode sorrir espontaneamente quando a cinta está tão apertada que quase tira o fôlego?De que adianta estar com um vestido bonito, se você ficar puxando a saia ou endireitando a gola ou acertando o cinto ou alisando as pregas, ou, ou, ou etc. Um dos melhores modos de usar bem um vestido é, depois de vesti-lo, esquecer-se dele.

(de A Verdadeira Elegância, no livro Correio Feminino - Clarice Lispector)

A paz é uma roupa macia e confortável


Um homem veio a um alfaiate para experimentar um terno. Parado diante do espelho, ele percebeu que o colete estava um pouco irregular na parte inferior.

- Ora - disse o alfaiate - Não se preocupe com isso. Basta você puxar a ponta mais curta para baixo com a mão esquerda que ninguém jamais vai perceber nada.

Enquanto o cliente fazia isso, ele notou que a lapela do paletó estava com a ponta enrolada em vez de rente.

- Isso? - perguntou o alfaiate. - Isso não é nada. É só você virar a cabeça um pouquinho e segurar a lapela no lugar com o queixo.

O freguês obedeceu e, quando o fez, observou que a costura de entrepernas estava meio curta e que o gancho lhe parecia um pouco apertado demais.

- Ora, nem pense nisso. Puxe o gancho para baixo com a mão direita, e tudo vai ficar perfeito. - O freguês concordou e comprou o terno.

No dia seguinte, o homem estreou o terno com todas as alterações de queixo e mãos. Enquanto ia mancando pelo parque com o queixo segurando a lapela no lugar, uma das mãos puxando o colete e a outra mão agarrada ao gancho, dois velhos pararam de jogar damas para vê-lo passando com dificuldade.

- Meu Deus! - disse o primeiro velho. - Veja aquele pobre aleijado.

O segundo homem refletiu por um instante antes de sussurrar:

- É, ele é bem aleijado mesmo, mas sabe o que eu queria saber...onde será que ele comprou um terno tão elegante?
. . . . . . . . . . . . . . . .

(História retirada do livro Mulheres que Correm com os Lobos, de Clarissa Pinkolas Estés).


Este livro tem lições preciosas, me foi recomendado no fatídico ano de 2005 por uma excelente terapeuta que me ajudou muito a perceber os esforços que eu fazia para ajeitar coisas que não estavam muito certas na minha vida.


Hoje, feriadão em Curitiba (amanhã é dia da padroeira), enquanto curtia um domingão preguiçoso perfeito, sem compromissos, maquiagem... somente paz e descanso, me peguei filosofando ao lado da churrasqueira. Comia uma carne deliciosa feita especialmente minutos antes, os pratos sobre a mesinha da sacada, o pãozinho repartido com as mãos mesmo...


Ah, como é bom a gente se conhecer melhor e poder perceber que, em algum momento da vida, estávamos preocupados demais com algo externo, tipo aceitação dos outros ou convenção social, que reprimia a nossa própria natureza?


Como li outro dia em um blog que coincidentemente também trazia este mesmo texto: "todos nós fazemos alguns ajustes para viver em sociedade, mas podemos prestar mais atenção se não estamos ficando aleijados...no coração e na alma."