Li este texto na revista CRESCER, antes de saber que estava esperando um garotão. A autora é Renata Raganin, administradora. Eu gostei. Por isso estou transcrevendo para compartilhar. (Beijos especiais para Alê Cabral e Caio - Kathy Silva e Gui + Arthur - Fernandinha Guenta e seu baby... depois vcs me escrevem e dizem se concordam, meninas!)
Ser mãe de menino
Venho de uma família de mulheres. O único homem da casa era meu pai. Conseqüentemente, meu universo sempre foi de bonecas, calcinhas, um mundo cor-de-rosa. Na medida em que o tempo passou, o assunto foi mudando para cabeleireiro, cor das unhas, maquiagem. Nossos assuntos giravam em torno de tons de cabelo, brincos e bolsas. No estojo, lápis e canetas tinham cores "femininas".
Então um dia fiquei grávida. Imaginava as quinquilharias que colocaria na guriazinha que estava do tamanho de um grão de arroz.
Com três meses de gestação, meu grão de arroz já tinha jeito de gente e resolveu abrir as pernas e mostrar um pintinho. Levei um choque. Um menino? Como a gente cria menino? Eu não sei fazer isso, e agora?
Meu menininho nasceu com o nome de Guilherme, que significa protetor. Indica um homem que se orgulha da sua força (física, mental ou moral) e se vale dela para auxiliar a pessoas de quem gosta. Queria que meu filho tivesse um nome forte, que quando pronunciado significasse algo de bom.
Então meu gurizinho cresceu mais um pouquinho e hoje meu mundo transformou-se em Bob Esponja, Super-Homem, Batman, Homem-Aranha e muitos carrinhos espalhados pela casa, que aliás têm de ser da Hot Wheels, senão "queba" ou "estaga". Um ser de 3 anos me dando dicas de controle de qualidade...
De vez em quando passa aquela miniatura de ser humano pela sala, de macacão e com um boné virado para trás, segurando o cachorro pela traseira e o coitado de cabeça para baixo tentando espernear.
Chuta tudo o que é redondo, inclusive bolas da árvore de Natal e as bolinhas de vime que eu tinha em cima da mesa da sala.
Esses dias ele me disse:
- Mamãe, já sou um homem "gande", quero fazer xixi de pé, "igal" meu pai.
Ali percebi que tudo passa muito rápido. Ele vai me pedir a chave do carro daqui a alguns dias e eu ainda vou estar tentando entender o universo masculino.
O meu gurizinho me apresenta uma nova vida e é a prova de que, independentemente do sexo do bebê, filho é a coisa mais maravilhosa que existe. Um pedacinho nosso com o pedacinho de alguém que amamos, que se transforma em outra pessoa linda, cheia de sentimentos, coisas para aprender e muito para ensinar. Ser mãe de menino me fez perceber o mundo por um ângulo diferente. Hoje esse detalhe equilibra o meu olhar do ponto de vista masculino e me faz pensar em ter outro filho, para aprender ainda mais a receita da felicidade.
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