segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Um Feriado Perfeito



As minhas lembranças mais antigas do carnaval nunca foram muito alegres.

Eu me considero uma pessoa super alto astral, gosto de dançar e comemorar. Mas esse negócio de folia com dia e hora certas nunca fizeram a minha cabeça.

Havia um tempo em que eu e minha irmã éramos fantasiadas em dupla, por iniciativa (ou capricho) de nossa mãe. Ciganinho e ciganinha, melindrosas e tudo mais. Ou mais tarde, já adolescente, com uma escolha própria de fantasia (que na verdade não parecia com nada, era uma mistura de ajudante de mágico e a tal melindrosa da infância). Era o tempo em que os bailes de Curitiba aconteciam nos clubes, com todos girando no salão, ao som das indefectíveis marchinhas (nada de axé).

A sensação era sempre a mesma, uma vontade de sair correndo tão logo colocava o pé no salão. O sorriso forçado, o estranhamento com algum garoto que grudava a mão na cintura e pedia para dançar (bem, hoje parece que o negócio é beijar direto, sem muitas delongas...).

Definitivamente, não sou uma pessoa carnavalesca. Bem feito, nasci na cidade certa.

As experiências de criança reforçaram o provérbio que diz "uma vez em Roma, seja como os
romanos". Não dá pra forçar a amizade e transformar uma curitibana legítima em passista da Sapucaí em apenas uma geração (apesar da boa-vontade de minha mãe neste sentido).

O bom é que a gente cresce e se torna dono do próprio nariz. Este carnaval está sendo perfeito. A cidade vazia, sem correria no supermercado. Acordar tarde, fazer churrasquinho, almoçar com a família, ver filmes até cansar, fazer cookies quentinhos (e tomar chá com bolachinhas)... minha idéia de vidinha bem gostosa.

Até me passou uma idéia maligna de passar no escritório, quem sabe deixar o trabalho em dia?... Ainda bem que o espírito do Zé Pereira (*) baixou rapidinho e manteve a inércia gostosa desta segunda feira de Carnaval.


(*) Para quem não entendeu nada, segue o link

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