Ontem foi meu aniversário.
Gosto de datas comemorativas, porque ajudam a gente a relativizar o que já passou e ponderar um pouco o tempo que nos resta para buscar alguns sonhos.
Outro dia estava pensando que, quando era adolescente e pensava sobre como seria com a idade que tenho hoje, a imagem era bem diferente. Talvez mais "senhoral", com mais filhos e beeem mais careta. A gente se olha no espelho e acha que não mudou nada, mas é claro que a vida deixa suas marcas. De qualquer jeito, penso que acabei melhor do que imaginava!
Por outro lado, morro de medo de virar uma velha chata antes da hora. Se é que esta hora existe mesmo. Gostaria de continuar acreditando que temos poderes para evitar aqueles que considero os piores inimigos de uma vida bem vivida - o tédio profundo, a arrogância e a chatice.
O tédio é coisa daqueles conformados, que vão ficando "no quentinho" até que perdem a vontade de olhar o mundo lá fora e não entendem mais o que aconteceu, por que tudo ficou tão sem graça de repente.
A arrogância é um exercício diário de superioridade sobre o mundo. Deve começar com um tremendo complexo de inferioridade, que faz com que seja mais fácil desqualificar o outro do que se dar a chance de olhar o mundo de outra forma. No fim, acaba virando uma muralha impenetrável, com o indivíduo lá dentro praguejando contra o egoísmo dos outros (sem enxergar o próprio).
Por fim, a tal chatice. Chatos são pessoas detestáveis, que acham que nada está suficientemente bom e que sua paz está sempre sendo perturbada por barulhos externos. Coisa de "velho de espírito", pois seria injusto vincular este comportamento à idade.
Voltando ao meu medo. Ontem mesmo, me vi sendo uma baita chata de galochas. Essa expressão é ótima, a imagem do chato com as botas que vão evitar que os pés se molhem... que mal faz uma chuvinha, afinal?). E as galochas não seriam tão estilosas quanto as que ilustram este post... rsrsrsrs
O aniversário foi ótimo, do jeito que eu queria. Meu marido e minha mãe fizeram várias coisinhas legais, daquelas que não tem preço. Tipo cesta de café logo cedo, companhia para o almoço, com direito a pratos muito gostosos e especialmente preparados (até fondue de verão teve!) e flores maravilhosas. Depois de uma tarde onde me auto presenteei com uma massagem e algumas comprinhas, deixei o bebê com minha mãe e fui com o marido para um show ótimo de humor numa casa noturna.
Bom, e a chatice?
Depois de tudo tão legal, um pequeno contratempo - o bebê, cuidado pela avó, saiu da sua rotina de sono e mamadas (que eu tento manter a ferro e fogo diariamente) e também foi acordado por um pai saudoso e meio estabanado. Resultado - uma noite praticamente sem sono para ele (e para mim, claro). Fiquei louca da vida e soltei os cachorros, praguejando contra meu marido e minha mãe e cheguei a pensar em nunca mais sair à noite (talvez quando o bebê completar 18 anos, quem sabe???)
Chata, chata, chata!!!
Quer dádiva maior do que uma família amorosa, que acolhe seu filho com tanto carinho? Vai ficar irritada e se fechar para o mundo por uma coisa tão besta? E justo com as pessoas que fizeram seu aniversário ser tão legal o dia inteiro...
Nanananinanããããão!!!!
Ainda bem que a licença maternidade tem data pra acabar. Porque estou achando que curtir o bebê em casa é o máximo, mas que muito tempo num assunto só acaba nos deixando limitadas (e, por isso mesmo, chatas em potencial). Tenho amigas que não trabalham e são mulheres fantásticas, mas porque também mantiveram as antenas ligadas no mundo lá fora.
Por isso, continuo minha busca pela babá perfeita para ajudar garantir a sanidade necessária neste retorno. Ainda não consegui visualizar como será a vida nesta nova fase, confesso que ainda estou com um pouquinho de ansiedade.
Coisas da chata que mora dentro de mim - e espero logo mostrar a ela como está enganada!