sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Mamar, filosofar, sorrir



 Estou demorando mais do que o costume para atualizar os posts do blog, eu sei.  

 Efeito da nova rotina, que a cada 3 horas recomeça, na seqüência mamada – fralda – tranqüilizar (esta aumentando mais ultimamente) e dormir (esta diminuiu durante o dia e vai muito bem à noite – Graças a Deus!).

 Às vezes, crio posts inteiros na minha mente, durante a etapa das mamadas. É praticamente uma hora inteira de interação total com esta nova pessoa na minha vida. Seis vezes por dia, ao menos. O que significa um tempo bem razoável para filosofar e pensar na vida. Daí a passar para o computador... é outra coisa. Conseguir 15 minutos inteiros, em frente ao monitor, às vezes é um pequeno luxo quase impossível (e que tem de ser bem aproveitado antes que o ciclo reinicie ou seja interrompido por um choro fora da sequência!).

 Também aproveito a amamentação para ler um livro bem interessante, que me foi recomendado pelo pai de uma grande amiga durante a gravidez. É um tratado de psicologia sobre o primeiro ano de vida. Muito bom e relativamente acessível à gente leiga, como eu. Está me ajudando ainda mais a entender como se estabelece a personalidade do pequeno.

 Num dos últimos capítulos que li, a seguinte frase  

... o aparecimento da reação de sorriso dá início às relações sociais do homem. É protótipo e premissa de todas as relações sociais subseqüentes.

 Achei o máximo. O sorriso é a ferramenta social por excelência! E é através dele que nos introduzimos às relações com outras pessoas neste mundo, cativando-as mesmo sem saber.

Meu bebê deu seus primeiros sorrisos há mais ou menos 3 semanas, logo após o final do primeiro mês. Naturalmente a babação está imensa... a sensação é como na canção do Gil “há de surgir uma estrela no céu cada vez que você sorri”.

E as pessoas aprendem a usar o sorriso para estabelecer (mesmo que falsamente) uma relação com os outros. Nessas reflexões durante as mamadas lembrei de duas situações nostálgicas a este respeito, típicas de quem passou a infância-adolescência entre os anos 70-80.

Uma veio de uma entrevista da Cyndi Lauper, que foi minha ídola teen. Ela usava um termo para descrever o sorriso amarelo que as celebridades dão – o tal Hollywood Smile. Uso este termo até hoje para descrever aquele sorriso que é quase uma careta de tão falso.

A outra veio de ainda mais tempo atrás. A frase indefectível de todos os cadernos de confidências (*)... vai em letras cor-de-rosa lantejouladas, então!

Sorria, mesmo que seja um sorriso triste! Pois é melhor um sorriso triste do que a tristeza de não saber sorrir.... (aaaahhhh!!!!)

O gosto da frase é altamente duvidoso - mas o conteúdo é revelador. Aprendemos desde nossa chegada ao mundo o valor de um sorriso para nossa sobrevivência.

(*) caderno de confidências – esta vale um post por si só... Resumindo, era um caderno cheio de perguntas, que a pessoa respondia uma por página. Sempre tinha uma questão do tipo “Diga uma frase ou frase predileta”...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O Horror


Ultimamente, ao encontrarmos alguém conhecido, temos começado a conversa comentando a última notícia trágica, geralmente envolvendo crianças ou adolescentes.

Foram semanas consecutivas com diversas notícias, desde o malfadado caso Eloá até os recentes acontecimentos - coincidentemente todos no eixo PR-SC, envolvendo assassinatos e abusos sexuais de menores de idade.
Parece impensável tentar entender o que se passa na cabeça destes maníacos. Por outro lado, é inevitável o estado de choque que se encontra a sociedade. Foi-se o tempo em que brincávamos despreocupadamente, por horas a fio, nas ruas do bairro. Ou ainda, passeávamos pelo centro e tomávamos o ônibus, praticamente com a mesma idade da menina que foi encontrada dentro de uma mala. Não faz tanto tempo assim, apenas pouco mais de um par de décadas!

Penso, porém, que mesmo em choque, ainda não parece ser suficiente a dose para nos retirar desta letargia, que faz com que nada realmente significativo seja feito para mudar a situação. Recentemente tivemos aqui em Curitiba eleições bastante aborrecidas, sem que houvesse um real debate sobre os problemas da sociedade. Não acredito que nenhum dos candidatos tivesse reais preocupações com o que estamos vivendo. Tivéssemos por aqui um Giuliani (descontando os oportunismos do 11 de setembro), talvez pudéssemos sonhar com uma revolução semelhante à de Nova York, com a política da "Tolerância Zero".

Estamos todos cansados. Meu pai sempre diz que a única saída é a união da sociedade, pois de outra forma vamos ficar à mercê do crime - este sim, cada vez mais organizado. O problema é que ficamos cada vez mais ilhados, fechados no apartamento, no condomínio, no carro blindado. Mal e mal nos cumprimentamos no elevador - que dirá conversar para resolver problemas, que podem ser coletivos afinal.

Tenho medo. Saudades do tempo em que lia Dalton Trevisan e me divertia com as peripécias do Vampiro de Curitiba, cujas perversões poderíamos chamar de inocentes, perto do que temos visto em nossa cidade nos últimos tempos.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Grandes mudanças, grandes expectativas


Estes últimos 60 dias foram marcantes para o mundo. E mudança é a palavra da hora.

Hoje, Obama é anunciado o novo presidente dos EUA. Confesso que torcia muito por isto, embora imagine que o desafio dele será imenso. O resultado foi arrasador, uma vitória esmagadora em que o recado foi claramente dado pelos americanos: "queremos mudança já!". A simples eleição dele já é um sinal muito forte, esperamos que as condições políticas reforcem o credenciamento que a população lhe deu e que realmente seja possível implementar as tais mudanças tão necessárias.

E entre outras coisas, um dos fatores que ajudaram a eleição de Obama foi certamente a crise econômica mundial, que ainda não vê solução próxima no curto prazo. Ainda que o peso da economia americana tenha diminuído sua representatividade sobre o total do mundo, ainda é a maior e esta eleição está intimamente ligada com o que se espera dos acontecimentos que ainda virão.  O mundo saiu de uma euforia consumista para um compasso de espera. Até a moda em Paris trouxe muito preto e cores escuras para o verão do hemisfério norte - sinal de que o humor está, sim, bastante diferente.

Enquanto isso, vivo um momento mais colorido e mágico que é a maternidade. Interessante passar por isto num papel de expectadora, sem vivenciar o dia-a-dia das corporações. Pela primeira vez na minha vida, aliás, o que causa ainda um certo estranhamento.

As mudanças para mim também são muitas, mas hoje tive uma evidência muito concreta de que "alguma coisa acontece no meu coração".

Quando o bebê nasceu, foram muitos os medos. De não ser uma mãe perfeita, de não conseguir dar conta do recado, de não saber como voltar a lidar com as coisas que fazia antes, enfim... Também havia a questão de se acostumar com uma pessoa nova. A relação que era a dois, passava a ser dominada por um terceiro. Tem um momento que pensei estar enlouquecendo, mas tudo passa. E agora a vida começa a se ajeitar num novo ritmo, mais cadenciado, porém sem a complexidade toda que enxergava no início. Dizem que uma mudança pessoal leva cerca de 45 dias para ser absorvida pelo indivíduo. Agora, que começo a chegar perto deste prazo, sinto que posso dizer que é verdade.

E o amor, que não se sabia se seria suficiente... este se expandiu. Senti isto claramente hoje, ao levar meu bebê para tomar suas vacinas. Choramos juntos ao sentir a picada das agulhas, uma no bracinho e outra na perninha. Doeu muito ver a expressão de dor no rosto do meu filhinho... Claro que é importante que ele esteja protegido contra as doenças, mas o desejo de proteger é muito forte. Mais forte do que qualquer coisa que jamais tenha sentido antes.

Mudanças acontecem em várias direções e quase nunca estamos preparados totalmente para recebê-las. Tenho grandes expectativas sobre estas 3 situações - que a Bolsa volte a mostrar bons sinais no futuro, que Obama seja o presidente que irá preparar os EUA e influenciar o mundo para uma nova era e que este filho seja o nosso companheiro para uma vida ainda mais plena e cheia de felicidades.