Acho que a melhor coisa da assinatura da Folha é a coluna da Danuza Leão, que sai no caderno Cotidiano, todos os domingos. Já vi leitores não-paulistanos descartarem o caderno, imaginando que é restrito ao dia-a-dia da maior cidade do país. Pois bem, não sabem o que perdem.
A colunista mais lúcida do Brasil escreve no frescor de seus 72 anos (dado que ela faz questão de tornar irrelevante, mas que só comprova que uma vida bem vivida é o repertório básico de todo grande escritor).
Basicamente, ela tem o dom de relativizar as neuroses femininas e valorizar as conquistas mais íntimas. Como nesta última coluna, onde ela discorreu de forma simples (e brilhante) sobre a importância do auto-conhecimento.
A lição parece fácil - conhecer os próprios limites, ser coerente com os desejos da alma, não sofrer pelas escolhas feitas. Pena que queremos sempre mais... como na canção do Ira! - e acabamos nos abrindo à frustrações por querer agradar aos outros ou provar algo que ainda não temos certeza sobre nós.
Acho que finalmente estou aprendendo. Outro dia escrevi um post justamente por estar em estado de choque por admitir, em voz alta e para outra pessoa, algo que dentro de mim fazia profundo sentido (mas não ousava verbalizar jamais, por temer ferir expectativas alheias...). Complexo, absurdo... mas difícil de romper. Anos de condicionamento acabam por nos tornar presas da Matrix por nós mesmos criada.
Espero chegar aos 72 com pelo menos metade da noção que a Danuza tem das coisas - e do espírito delas.
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