quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A Chata de Galochas


Ontem foi meu aniversário.

Gosto de datas comemorativas, porque ajudam a gente a relativizar o que já passou e ponderar um pouco o tempo que nos resta para buscar alguns sonhos.

Outro dia estava pensando que, quando era adolescente e pensava sobre como seria com a idade que tenho hoje, a imagem era bem diferente. Talvez mais "senhoral", com mais filhos e beeem mais careta. A gente se olha no espelho e acha que não mudou nada, mas é claro que a vida deixa suas marcas. De qualquer jeito, penso que acabei melhor do que imaginava!

Por outro lado, morro de medo de virar uma velha chata antes da hora. Se é que esta hora existe mesmo. Gostaria de continuar acreditando que temos poderes para evitar aqueles que considero os piores inimigos de  uma vida bem vivida - o tédio profundo, a arrogância e a chatice.

O tédio é coisa daqueles conformados, que vão ficando "no quentinho" até que perdem a vontade de olhar o mundo lá fora e não entendem mais o que aconteceu, por que tudo ficou tão sem graça de repente.

A arrogância é um exercício diário de superioridade sobre o mundo. Deve começar com um tremendo complexo de inferioridade, que faz com que seja mais fácil desqualificar o outro do que se dar a chance de olhar o mundo de outra forma. No fim, acaba virando uma muralha impenetrável, com o indivíduo lá dentro praguejando contra o egoísmo dos outros (sem enxergar o próprio).

Por fim, a tal chatice. Chatos são pessoas detestáveis, que acham que nada está suficientemente bom e que sua paz está sempre sendo perturbada por barulhos externos. Coisa de "velho de espírito", pois seria injusto vincular este comportamento à idade. 

Voltando ao meu medo. Ontem mesmo, me vi sendo uma baita chata de galochas. Essa expressão é ótima, a imagem do chato com as botas que vão evitar que os pés se molhem... que mal faz uma chuvinha, afinal?).  E as galochas não seriam tão estilosas quanto as que ilustram este post... rsrsrsrs

O aniversário foi ótimo, do jeito que eu queria. Meu marido e minha mãe fizeram várias coisinhas legais, daquelas que não tem preço. Tipo cesta de café logo cedo, companhia para o almoço, com direito a pratos muito gostosos e especialmente preparados (até fondue de verão teve!) e flores maravilhosas. Depois de uma tarde onde me auto presenteei com uma massagem e algumas comprinhas, deixei o bebê com minha mãe e fui com o marido para um show ótimo de humor numa casa noturna.

Bom, e a chatice? 

Depois de tudo tão legal, um pequeno contratempo - o bebê, cuidado pela avó, saiu da sua rotina de sono e mamadas (que eu tento manter a ferro e fogo diariamente) e também foi acordado por um  pai saudoso e meio estabanado. Resultado - uma noite praticamente sem sono para ele (e para mim, claro). Fiquei louca da vida e soltei os cachorros, praguejando contra meu marido e minha mãe e cheguei a pensar em nunca mais sair à noite (talvez quando o bebê completar 18 anos, quem sabe???)

Chata, chata, chata!!!

Quer dádiva maior do que uma família amorosa, que acolhe seu filho com tanto carinho? Vai ficar irritada e se fechar para o mundo por uma coisa tão besta? E justo com as pessoas que fizeram seu aniversário ser tão legal o dia inteiro... 

Nanananinanããããão!!!!

Ainda bem que a licença maternidade tem data pra acabar. Porque estou achando que curtir o bebê em casa é o máximo, mas que muito tempo num assunto só acaba nos deixando limitadas (e, por isso mesmo, chatas em potencial). Tenho amigas que não trabalham e são mulheres fantásticas, mas porque também mantiveram as antenas ligadas no mundo lá fora. 

Por isso, continuo minha busca pela babá perfeita para ajudar garantir a sanidade necessária neste retorno. Ainda não consegui visualizar como será a vida nesta nova fase, confesso que ainda estou com um pouquinho de ansiedade. 

Coisas da chata que mora dentro de mim - e espero logo mostrar a ela como está enganada!

sábado, 17 de janeiro de 2009

Benjamin Button, minha torcida para o Oscar


Fui assistir hoje "O Curioso Caso de Benjamin Button", com minha mãe. Filmão digno de muitos Oscars, já tem minha torcida para o de melhor filme, com certeza!!!


Deveria também ganhar os prêmios por melhor roteiro (adaptação de um conto curto de F. Scott Fitzgerald - fiquei sabendo que o autor da façanha é o mesmo de Forrest Gump - tem a mesma leveza e maestria ao combinar a passagem do tempo e a profundidade da mensagem), melhor maquiagem (impressionante ver Brad Pitt e Cate Blanchett ao longo de mais ou menos 80 anos de vida) e também direção, montagem. O Brad merece uma chance também, se bem que a competição este ano está grande entre os atores. E a Cate Blanchett... sempre impecável! Sempre elegantérrima. O trabalho de corpo dela pra viver esta bailarina é admirável, uma leveza incomparável!...

A gente sai da sala de cinema pensativo e também com aquela melancolia leve, que só a comoção despertada pelas grandes obras de arte nos traz.

A história parece simples - a fantasia sobre um homem que nasce velho e vai rejuvenescendo - mas a mensagem que está embutida é profunda e tocante. Aliás, são várias mensagens. O olhar sempre fresco do personagem sobre os acontecimentos, mesmo com aparência envelhecida, nos convida a buscar a leveza perante as situações que a vida nos traz. Outra passagem que me emocionou muito foi ver Benjamin em viagens a lugares distantes, numa juventude tardia, escrevendo à filha que sempre é possível recomeçar. "Se você não é a pessoa que imaginava ser, não se preocupe. Apenas recomece". Posso dizer, por experiência própria e observação de outras pessoas, que é a mais pura verdade.

Por fim, a lindíssima história de amor que é o fio condutor da história. Uma menina de 5 anos que conhece um velhinho, na verdade apenas 5 anos mais velho. Tornam-se grandes amigos e se encontram em diversas situações durante a vida, embora o encontro definitivo aconteça apenas na metade da vida de ambos, quando os dois têm cerca de 40 anos. No final dele, a morte mais doce que alguém poderia desejar (não vou contar, é um momento sublime para quem for assistir o filme).

Um trabalho muito bem feito. Parabéns ao diretor David Fincher, também vou torcer por ele.






sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Feliz Aniversário, meu amor

Querido,

Seu aniversário é neste final de semana e, por isso, estava outro dia pensando sobre o seu presente. 

Você é uma pessoa até fácil de presentear, pelo menos para mim. Sei direitinho o tipo de presente que vai ser útil, ou ainda será uma daquelas coisinhas fúteis, mas que você adora. Várias idéias vieram à minha mente. 

Queria algo muito especial, como o presente que você me deu no Natal, para comemorar a chegada do nosso filho. Por outro lado, fiquei pensando que, neste momento em que vivemos, talvez o melhor presente seja a celebração de nossa vida juntos.

Outro dia, você mandou um email para alguns amigos, falando que havia feito uma reflexão e que, por considerar que já tinha tudo o que mais queria, não gostaria de receber presentes. Talvez nem todos tenham entendido da forma que você queria dizer, mas eu entendi direitinho.

Acho que "alguma coisa acontece dentro do nosso coração"... algo difícil de marcar concretamente, mas que sabemos sentir com intensidade. 

Como traduzir???

Bem, poderia começar dizendo que, todos os dias, quando vejo você com nosso filhinho nos braços, dizendo a ele como é feliz por ele existir, sinto uma alegria imensa, que me emociona muito. E sei que você faz questão de falar isso a ele todos os dias, o que me deixa ainda mais orgulhosa do homem que escolhi para ser o pai desta criança.

Também quando estamos juntos, nos momentos de preguiça perfeita em nosso sofá, ou num abraço que subitamente ocorre na cozinha, enquanto preparamos o jantar, agradeço a Deus por traduzir perfeitamente o companheiro que eu desejei para o resto da minha vida.

O amor, que já era imenso, expandiu-se!

Enfim, quero comemorar sim seu aniversário - mas não será como nos outros anos. 

De agora em diante, vamos aproveitar a passagem dos anos para comemorar a Vida que estamos construindo juntos - e cuidar para que ela siga por este caminho, docemente.